Os Fundamentos Antroposóficos para a Pesquisa do Carma
O livro “Os Fundamentos Antroposóficos para a Pesquisa do Carma” foi lançado em 2009. Gudrun Burkhard fez um trabalho de pesquisa bibliográfica engrandecido por várias indicações metodológicas e exercícios práticos para trazer estímulos à ampliação da pesquisa sobre o tema Reencarnação e Carma, tão intensamente trabalhado por Rudolf Steiner em 1924, ano que precedeu o seu cruzar do limiar.
No meu exemplar [Leila] tem uma dedicatória da Dra. Gudrun. Uma das palavras que ela usou é Amor. Compartilho porque é um recado claro de cultivar o amor pela pesquisa espiritual, pela humanidade e pela Antroposofia.
Para nós, Aconselhadoras(es) Biográficas(os) de base Antroposófica, este livro é uma referência. Nele, Dra. Gudrun traz, numa ordenação construtiva, palestras de Rudolf Steiner selecionadas para que o conhecimento e os exercícios sobre a pesquisa do carma façam parte do nosso trabalho e desenvolvimentopessoal, com comentários precisos para uma melhor compreensão do assunto. E ao longo do livro, um volume de 450 páginas, ela propõe orientações e exercícios práticos e seguros sobre esta pesquisa e sua relação com a biografia humana.
Os capítulos contêm bibliografia de referência (Steiner), comentários dela e exercícios biográficos. Ou seja, uma grande convocação para que o tema seja trazido com profundidade, objetividade e praticidade.
No capítulo I – “Metodologia da pesquisa do carma”, fundamental para nos familiarizarmos com a visão do carma segundo a Antroposofia. Selecionamos algumas frases do livro para construir um melhor entendimento sobre esta visão.
- “Todos os atos que eu realizei para os outros vão voltar para mim como contra-imagem; é o destino que vem de fora de encontro a mim.” (Steiner, 14/6/1924)
- “… vem a intenção de corrigir e harmonizar esse ato… Esta força [intenção cármica] é trazida para uma próxima encarnação terrena constituindo o que chamamos … de carma, destino, sina.”
- “O carma é também o somatório de potenciais talentos que levamos de uma vida para outra, sendo oriundos de esforços para alcançar certas metas externas na vida ou metas internas de transformação”.
- “O carma não é fatal: pela força do Amor e do Perdão pode vir a ser modificado.”
O capítulo II contém orientações sobre “o caminho do moderno conhecimento Iniciático. Imaginação, Inspiração e Intuição”. Fala sobre o desenvolvimento de uma consciência ampliada e do caminho do conhecimento imaginativo, inspirativo e intuitivo. Neste capítulo, a própria palestra de Steiner traz propostas de exercícios para o desenvolvimento dessas cognições.
O capítulo III traz uma palestra de Steiner sobre “O impulso do Cristo e o desenvolvimento da consciência do Eu. A lei do carma em relação com os detalhes da vida”. Neste capítulo é dada uma ênfase aos processos educacionais, a tendências hereditárias e ao desenvolvimento sadio da individualidade.
A partir do capítulo IV o livro está dividido em três partes e o título de cada uma identifica claramente o conteúdo abordado:
1ª Parte – “Vida após a Morte e Influência das Hierarquias Espirituais sobre a Estruturação do Carma”, trazidas nos capítulos de IV a XII.
2ª Parte – chamada “Exercícios para Desenvolver os Órgãos de Percepção Cármica”, compreende os capítulos de XIII a XXII.
3ª Parte – capítulos XXIII a XXXIII, tem o título “Aprendendo do Destino.”
As três partes agrupam conteúdos referentes a cada tema, mas não são estanques, são complementares, tratam de carma e de biografia. E aí está um dos porquês deste livro ser necessário e um lugar de referência para nós.
Inspirada [Mônica] neste livro tão especial e conectando ao que Leila pontuou sobre o Capítulo 1 no que diz respeito ao perdão como transformador do carma, destaco o capítulo XXX – “A pergunta certa. Amor e compaixão”. Nele, Dra. Gudrun traz pontuações muito profundas sobre o significado do perdão e sua relação com carma, Hierarquias e o Cristo, feitas com base nos escritos de Sergei Prokofieff e em uma palestra feita por Jair Moggi, também aconselhador biográfico.
Lembrando que ‘O desenvolvimento da autêntica tolerância antecede o perdão’, trago alguns destaques que espero inspirem e se tornem prática:
- “O perdão é a luz mais forte do mundo, por isso é difícil, segundo Steiner.”
- “O perdão é como o Amor, pois não impõe condições e cria uma nova energia, quando verdadeiro.”
- “’O mundo espiritual não se preocupa com o que foi feito, e sim com o que será feito’, por isso o perdão tem de ser ativo, e não passivo.”
- “O perdão, para ser genuíno …, exige de quem perdoa que ele coloque no mundo algo maior do que a ofensa recebida.”
- “Ao perdoar, o indivíduo ultrapassa os limites do seu carma pessoal e vai tornando-se independente da obrigação deste e parceiro do Cristo em sua missão cósmica”.
A palavra PER-DOAR fala de doar, liberar, dar ao mundo algo maior do que a agressão sofrida, quando voluntariamente e com total liberdade interior assumimos a obrigação de dar ao mundo tanta compaixão, amor e bondade quanto a má ação tenha objetivamente tirado dele.
Por tudo isso, Dra. Gudrun conclui este capítulo dizendo que em nossa época a questão do perdão é fundamental, podendo ser um ato livre para a redenção do carma.
Leila Tammela e Mônica Motta – Aconselhadoras Biográficas
