No arquétipo da biografia humana trazido pela Antroposofia, dentro do quinto setênio (dos 28 aos 35 anos) temos um período muito importante de três anos – dos 30 aos 33 – chamado de Período Crístico ou Anos Crísticos ou ainda de segundo nascimento, o Nascimento Solar na biografia.
Para compreender o segundo nascimento precisamos olhar para o primeiro, o Nascimento Lunar. Nele nascemos para o mundo físico e durante os três primeiros anos de vida aprendemos, na sequência, a andar, a falar e a pensar. Ao final dos três primeiros anos de vida, a criança passa a chamar a si mesma de “Eu”.
Vale ressaltar que as forças lunares, segundo Steiner (citado por Burkhard), “são aquelas que determinam o homem, permeando-o de tal maneira com sua necessidade interior que ele tem de atuar (…) de acordo com sua corporalidade físico-etérica”. As forças solares “são aquelas que libertam o ser humano dessa determinação”.
Trazendo sobre a relação entre os dois nascimentos (o Lunar e o Solar) o casal O’Neil diz que “do mesmo modo como, ignoradamente para a criança, as forças espirituais superiores estão modelando seu organismo para tornar-se a expressão corpórea do caminho, da verdade e da vida, assim também o espírito do homem, ao impregnar-se com o Cristo, torna-se gradualmente o veículo consciente do caminho, da verdade e da vida”.
Adentrando o caminho dos anos crísticos, dizem: “Por volta dos 28-30 anos, a pessoa pode decidir nas profundezas de seu ser se quer assumir responsabilidade por seu próprio desenvolvimento: é a Crise dos Trinta. Então, frequentemente por volta dos 33, dramáticos eventos podem revelar-lhe que seu Anjo a abandonou no ponto de descida mais profunda, da mais forte ligação com a Terra. A temperatura crítica para a transformação interna é atingida: a morte interior aos 33 anos!”. Então surge o impulso para a elevação: “(…) por meio dessa experiência interior de morte, novas forças vitais de levitação, advindas do Sol interior, irão elevar o homem”. Essa metamorfose, no ponto de transição da vida, por intermédio das forças do Ser Crístico, é o centro da série metamórfica e marca a reversão de direção no mapa biográfico. Depois disso, “os princípios superiores do homem podem ser despertados”. A alma não desperta totalmente para seu Eu potencial até morrer; ela não se torna inteiramente um Eu individual até nascer por meio da Crise Existencial aos 33 anos, quando os dois portais são um só para a vida da alma.
O nome desse tempo sagrado de três anos remete à encarnação do Cristo em Jesus. Ele viveu exemplarmente o arquétipo do Vir-a-Ser do Ser Humano. E nós, assim como ele, no nosso tamanho e à nossa maneira, também vamos vivenciar o nosso nascimento solar na biografia, nesses referidos três anos. É uma lei espiritual. É o coroamento da ancoragem do Eu Superior na corporalidade físico-etérica.
Há um chamado ao protagonismo do Eu nesse tempo, o encontro com a própria Espada, assim como há o combate bem claro com as sombras, o encontro com o Dragão. Há, portanto, o encontro com a tarefa encarnatória e também com os lugares em nós onde precisamos crescer para essa tarefa. Há a necessidade de integrar e redimir o passado e nos dirigirmos para o futuro, ordenando o carma num grande gesto de metamorfose, possível pois o Eu encarna e acorda para a autoconsciência no corpo, por intermédio da alma, coroando esse novo nascimento. Destrinchar e aprofundar esses três anos no trabalho biográfico, por meio da observação prática, pode ajudar a revelar pontos centrais da biografia de alguém. Ali está a pedra fundamental do leitmotiv, do fio vermelho, da tarefa encarnatória daquela individualidade.
As polaridades, com as consequentes intensificações e metamorfoses, aqui delimitadas formam a imagem da Cruz: duas metades da vida, esquerda e direita, passado e futuro; mas também duas dimensões da vida, embaixo e em cima, Terra e Céu. A encarnação total do Eu Crístico é o fiel da balança, o ponto central da metamorfose e do equilíbrio e a observação fenomenológica dos acontecimentos biográficos desses tempos são um mistério revelado acerca desse fato.
Aconselhadora Biográfica, Psicóloga e Mestre em Psicologia pela USP, fundadora do Instituto Fio Vermelho para o Estudo da Biografia Humana.
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