Micael e o Aconselhamento Biográfico
O Arcanjo Micael, como é conhecido desde o antigo testamento, muitas vezes é representado com uma balança e uma espada nas mãos. É um arcanjo guerreiro que venceu a batalha contra o mal expulsando o dragão das regiões celestiais. Esse dragão pode ser visto como a personificação daquelas forças que chamamos de mal e se opõem à evolução. Seu trabalho é incessante, visando desviar a humanidade do seu caminho correto de desenvolvimento.
O autoconhecimento nos leva a reconhecer esse mal, que foi expulso do céu e vive dentro de cada um de nós. Ele nos impele a superar e transformar essas forças. Esse processo pode ser feito de uma maneira mais consciente através da observação e estudo da própria biografia. Ao longo da vida percebemos que a atuação dessas forças negativas dá origem a situações difíceis, episódios dolorosos, sofrimentos, enfim, crises.
Quando estamos no meio de uma crise, “no olho do furacão”, é difícil perceber quais são e como atuam essas forças. Mas quando tomamos a vida como objeto de estudo podemos vê-las imiscuídas na trama por trás das situações dolorosas. Percebemos como muitas vezes mudam os personagens, muda o cenário, mas o enredo é sempre o mesmo. As situações se repetem e nos perguntamos por exemplo:
- Por que nunca tenho dinheiro?
- Por que não consigo ter um relacionamento duradouro?
- Por que isso sempre acontece comigo?
A balança de Micael nos inspira a colocar as coisas numa perspectiva correta, pesar devidamente os fatos e suas consequências. A encontrar esse “fiel da balança” em nós mesmos, na voz da consciência, e manter essa fidelidade interior. Com coragem utilizar a espada, tomar uma atitude e lutar contra essas forças que constantemente nos põem à prova.
A imagem da balança é ainda melhor quando conseguimos enxergar estas forças do dragão como uma polaridade que pode induzir a dois caminhos opostos sendo que nenhum deles é adequado. Um leva a fuga, ao êxtase, a euforia, a dispersão, a uma espiritualidade vazia. O outro leva à paralisia, ao medo, à rigidez, à burocracia, ao materialismo. O fiel da balança é que mostra a maneira correta de equilibrar essas forças. A voz da consciência pode mostrar o caminho do meio, o correto, que nos permite evoluir.
A coragem de Micael é um bom exemplo do equilíbrio que deve ser alcançado. Agir com coragem é agir com o coração, é o caminho do meio entre a paralisia causada pelo medo e o completo destemor (a fé cega causada pela fantasia). Assim podemos ver claramente que agir com coragem é atuar apesar do medo, mas sem cair na euforia, na precipitação causada pelo destemor.
A oportunidade de olhar a própria biografia através do Aconselhamento Biográfico também ajuda a encontrar esse fiel da balança em nossa linha do tempo: não devemos esquecer o passado nem tampouco ficarmos presos a ele. Quando esquecemos voltamos a repetir os mesmos erros. Quando ficamos presos estamos traumatizados. No trabalho biográfico olhamos para o passado com clareza para retirar dele aprendizado e coragem, mas o trabalho não para por aí. O aprendizado tem que ser posto em prática com metas que façam sentido para um futuro cada vez mais livre.
Luis Henrique 
Aconselhador Biográfico, palestrante, vice-presidente da Associação Brasileira dos Aconselhadores Biográficos – ABAB e docente na Escola Livre – Antroposofia – Formação e Estudos Biográficos – JF/MG.
Contatos: @luishenrique.santanna.7 / Whatsapp (35) 8416-2085
