Luzes e Cruzes na Biografia Humana
“Tudo de outrora. Nada mais nunca. Nunca tentado. Nunca falhado. Não importa. Tentar de novo. Falhar de novo. Falhar melhor. O fim está no início e ainda assim você segue em frente.” Samuel Beckett
Nossa biografia é repleta de desafios, repleta de falhas, mas repleta de sucessos também! No aconselhamento biográfico compreendemos porque caímos, como levantamos e se isso nos modificou para melhor, ou para pior.
Quanto mais consciência temos dos nossos processos, mais fácil fica observar tudo isso. Conforme fui estudando as principais Festas Cristãs (Natal, Páscoa, São João e Micael), fui me dando conta de que elas poderiam, perfeitamente, ser chamadas de Festas da Luz. Explico: Além de terem relação direta com as estações do ano e, consequentemente, com a posição do Sol em relação à Terra; quando nos conectamos profundamente com essas Festas, percebemos que algo muda dentro de nós! É como se elas reacendessem uma brasa que estava dormida em nossos corações! Isso acontece no macro.
No micro, estão nossas biografias e seus Pontos de Virada. Apesar de todos nós sermos suscetíveis às Leis Biográficas, como cada Ser Humano é único, cada um de nós vai viver esses processos à sua maneira e desenvolver um certo ritmo.
No trabalho que apresentei no 2º Brasilidades, meu intuito era justamente esse: propor que cada um fizesse um levantamento das luzes e cruzes da própria biografia, Ou seja: momentos iluminados, entusiasmantes, de início de algo bom e momentos sombrios, difíceis, exigentes. – Sugiro que você que está lendo o texto agora, faça esse levantamento em sua biografia antes de continuar lendo.
Com seu levantamento em mãos, observe cada ponto de luz e cada cruz e procure responder às seguintes perguntas:
- O que tem mais? Luzes ou cruzes?
- O que aconteceu um pouco antes e um pouco depois de cada um desses pontos marcados em sua biografia?
- O que você fez a partir de cada um desses pontos? Quais foram as consequências dessas luzes e cruzes?
- A que conclusão você pode chegar, em relação a você e à sua biografia, a partir desse breve exercício?
Faça uma pausa, pense a respeito, se possível escreva sobre seus insights e depois continue sua leitura (Lembrando que você é muito livre para seguir, ou não, todas essas instruções).
Quando fazemos esse exercício podemos nos surpreender com o número de luzes ou com o número de cruzes. Muitas pessoas se surpreendem ao perceber que alguns momentos de cruz foram, simultaneamente, momentos de luz e que alguns momentos de luz, foram também momentos de cruz. Seja lá como for, com o passar do tempo, a gente acaba percebendo que tanto luzes quanto cruzes estão sempre a favor do nosso desenvolvimento.
“(…) há um Ser Humano mais sábio em nós do que nós mesmos que escolhe o caminho da dor e do sofrimento. É, de fato, uma das regras de ouro da vida: todos carregamos em nós um. Ser Humano mais sábio, um Ser Humano muito mais sábio que nós. Aquele a quem nos referimos como “eu” na vida cotidiana é menos sábio. Se fosse permitido a essa pessoa menos sábia em nós fazer uma escolha entre a dor e a alegria, ela, sem dúvida, escolheria o caminho em direção à alegria. Mas o Ser Humano mais sábio é aquele que reina nas profundezas do nosso inconsciente e permanece inacessível à consciência comum. Ele desvia o nosso olhar do prazer fácil e acende em nós um poder mágico que busca o caminho da dor sem que realmente o saibamos. Mas o que significam as palavras “sem que realmente o saibamos”? Elas significam que o Ser Humano mais sábio em nós prevalece sobre o menos sábio. Ele sempre age de tal maneira que as nossas deficiências são guiadas para as nossas dores e nos fazem sofrer, porque com cada sofrimento interno e externo eliminamos uma das nossas falhas e nos transformamos em alguém melhor.” (Rudolf Steiner GA 132 “Facing Karma” – Tradução livre)
Assim, mesmo o que é ruim, pesaroso, doloroso pode ser visto, depois de um tempo, como algo muito potente e transformador (lembrando que toda regra tem sua exceção e que a ideia aqui não é, de jeito nenhum, promover positividade tóxica). Quando estudamos várias biografias, percebemos que é justamente a superação dos desafios que nos faz brilhar. Como foi por aí?
Amanda Rocha
Aconselhadora Biográfica, Psicóloga, Professora, Escritora e Palestrante.
