Laços Ancestrais em Nossa Biografia
Você já se perguntou quantas pessoas fazem parte da sua linha de ascendentes?
Em tese, nossa árvore genealógica vai aumentando verticalmente conforme aumentamos o número de ascendentes, de acordo com o esquema abaixo:
Pais 2
Avós 4 (2 casais)
Bisavós 8 (4 casais)
Trisavós 16 (8 casais)
Tetravós 32 (16 casais)
Pentavós 64 (32 casais)
Hexavós 128 (64 casais)
Heptavós 256 (128 casais)
Octavós 512 (256 casais)
Eneavós 1024 (512 casais)
Decavós 2048 (1024 casais)
E assim sucessivamente…
Usando como base a diferença de trinta anos por geração e considerando, como exemplo, alguém que nasceu em 1989, os decavós desta pessoa teriam nascido em 1659.
Com esta projeção, por volta da metade do século XVII, 2048 seriam seus ascendentes, em uma população mundial de menos de 800.000 habitantes.
Segundo pesquisas, em 1750 haviam 791.000 habitantes em todo o mundo e 163.000 na Europa; portanto, seria um exagero que houvesse um percentual considerável apenas dos ascendentes dessa pessoa em relação à população mundial.
E considere o “detalhe” de que quanto mais antigo for o período, maior o número de ancestrais e menor a população mundial!
Em resumo, é de se pressupor que, em vários momentos, aconteceram casamentos entre parentes, diminuindo assim, o número da população de ascendentes.
Nesse caso, o termo “implexo”, explica a questão. Este termo é usado em Genealogia para designar a relação entre o número real e o número teórico de antepassados de uma pessoa. Devido sua amplitude e complexidade, poderá ser tema de um outro artigo.
Importante ressaltar que o levantamento da própria ancestralidade é uma tarefa sagrada e prazerosa mas, também, desafiadora para quem faz um processo de Aconselhamento Biográfico. Por quê?
Na maioria das famílias a falta de informações dos registros da árvore genealógica é a principal razão exceto naquelas que valorizam suas memórias preservando tradições e documentos.
Você, que lê este artigo, tem nome e sobrenome de seus trisavós com as respectivas datas de nascimento e morte? Ainda tem algum parente vivo que possa te fornecer tais informações?
Geralmente, quando passamos a valorizar estes dados, constatamos que não temos mais ninguém que seja um “arquivo vivo” para pesquisarmos. Na reconstrução de nossa autobiografia é um presente precioso ter uma ou mais pessoas portadoras deste tesouro que é a biografia dos ancestrais.
Eu, que assino este texto, não consegui reconstruir minha linhagem ancestral além dos bisavós tanto do lado paterno quanto materno. É uma sensação muito frustrante pois tenho duas netas para quem gostaria de deixar estas informações.
O Brasil é um país “jovem” cuja colonização por imigrantes dificulta o acesso a informações biográficas tão importantes como nome completo, local e data de nascimento, dentre outros dados valiosos.
Sobrepondo-se a este cenário, sabemos que muitos que aqui chegaram não tinham documentos apropriados. Outros queriam mesmo começar uma outra vida e ter uma nova identidade para, provavelmente, “enterrar” o passado.
Identificados ou não, os ascendentes de nossa biografia foram pessoas de carne e osso que num longo encadeamento são responsáveis, principalmente, pela nossa existência biológica. Elas merecem nossa profunda reverência e carinhosa gratidão!
Zilda Barbosa de Andrade
