Há cerca de seis séculos a.C., os sábios gregos já consideravam os ciclos da vida humana no ritmo do número sete! Este número é sagrado. Mais citado em toda literatura das linhas espirituais existentes no planeta, contém em si os números 4 e 3, outros números muito especiais.
Pesquisadores da Antroposofia (1) aprofundaram os estudos sobre o ritmo setenial. A partir disso, trouxeram um olhar moderno para um arquétipo clássico que se tornou a base para a metodologia de Aconselhamento Biográfico – metodologia que é transmitida por meio de formações em escolas existentes em muitos países e que apoia pessoas em seus processos de autoconhecimento e autodesenvolvimento.
Em vasta literatura escrita por autores como Bernard Lievegoed, George e Gisela O´Neal, Gudrun Burkhard e tantos outros, apreende-se que leis biográficas regem a vida do ser humano do nascimento até os 63 anos de idade, ou seja, por nove setênios (cada setênio representa um ciclo de 7 anos). Você pode estruturar a cronologia de sua biografia considerando esta arquitetura:
1º Setênio: 00 – 07 anos
2º Setênio: 07 – 14 anos
3º Setênio: 14 – 21 anos
4º Setênio: 21 – 28 anos
5º Setênio: 28 – 35 anos
6º Setênio: 35 – 42 anos
7º Setênio: 42 – 49 anos
8º Setênio: 49 – 56 anos
9º Setênio: 56 – 63 anos
Cada ser humano constrói uma biografia única; porém, as leis biográficas são universais e atemporais e regem a vida humana de uma maneira ao mesmo tempo sutil e concreta, observável quando pesquisamos nossa história de vida ou nos dedicamos a estudar este tema fascinante.
Os três períodos de 21 anos que abarcam os 9 setênios delineados acima – 00 – 21 anos /21 – 42 anos/42 – 63 anos – proporcionam vivências bem específicas. Cada período tem um “chamado”. Quando não entendemos o chamado da vida (do nosso destino) podemos vivenciar crises que são, na verdade, oportunidades disfarçadas de desafios.
Os três setênios do nascimento até os 21 anos caracterizam um período com foco no aprendizado: desde bebê o ser humano aprende intensamente com tudo e todos ao seu redor, amplia com a escola sua base instrucional mas, concretamente, não sabe ainda muito bem como processar tudo o que absorve e transformar em ações conscientes no mundo.
Os três setênios dos 21 aos 42 anos representam um período onde impera uma dinâmica de luta, de exploração. O que foi aprendido até os 21 anos, passa a ser “utilizado” conforme a vida apresenta situações para tal. Os potenciais se tornam habilidades na medida dos talentos encontrarem formas apropriadas de serem colocados a serviço do mundo nos diversos papéis exercidos: profissionais, pessoais, sociais.
“A vida começa aos 40” significa entrar na fase da doação social e oferecer a própria essência ao mundo e dar foco ao amadurecimento espiritual; portanto, “buscar a sabedoria” é a tônica dos três setênios dos 42 aos 63 anos. A partir do 7º setênio torna-se de extrema importância adaptar o trabalho e as atividades diárias a um ritmo saudável, respeitando a natureza individual e seus próprios limites.
Adentrar a casa dos 50 anos pode ser a etapa mais tranquila e produtiva da vida se a pessoa souber se preparar e, talvez, se reinventar, fazendo ajustes importantes na vida pessoal e profissional pois, ao completar 60 anos, ter na alma a sensação de “missão cumprida” é fundamental para uma maturidade plena, etapa em que o trabalho não deve ser a única fonte de realização e felicidade.
Dependendo da trajetória percorrida em sua jornada biográfica e considerando aspectos, principalmente, das esferas física e emocional, muitos indivíduos terão uma fase produtiva alinhada com a sua faixa etária, com a sensação de muita liberdade. Para outros, entretanto, senilidade e decrepitude serão precocemente visíveis. Os cuidados (e descuidos) de uma vida inteira terão reflexo na velhice, e nunca será tarde para o estabelecimento de novos e saudáveis hábitos.
A dra. Gudrun Burkhard, pioneira do Aconselhamento Biográfico no Brasil, autora de dezenas de livros, em sua obra “Enfim livres na terceira idade” sugere que após os 63 anos você:
A mesma autora fez uma pesquisa sobre as vivências das pessoas que ultrapassaram os 80 anos não com a proposta de “como me tornar mais longevo?” e, sim, “como chegar à idade mais avançada em condições harmônicas e positivas para meu ambiente?”. Com os dados coletados publicou o livro “A vida após os 80 anos” com muitas reflexões sobre o que influencia o bem-estar do idoso. Recomendamos a leitura para quem se interessar.
De todo o exposto aqui, conclui-se que na maturidade a vida interior precisa ser nutrida com atividades ligadas à natureza (jardinagem, por exemplo), trabalhos manuais e artísticos, tudo num ritmo dosado e sem excessos. Possuir um espaço próprio é de fundamental importância (privacidade e conforto) e, para isso, ter atingido uma estabilidade financeira é crítica para gerar garantias para um dia a dia sem ansiedades e dissabores.
E, na medida que a luz exterior vai se apagando (pois todos os sentidos são afetados: visão, audição, paladar, etc.) e as forças físicas diminuem, a luz interna pode brilhar, e muito, se o indivíduo cuidou bem, até aqui, da alma e do espírito: serão pessoas agradáveis de se conviver, sem rabugices, melindres e comportamentos rígidos e inflexíveis.
O medo da morte pode ser superado se a pessoa buscou, durante sua vida, um desenvolvimento espiritual baseado em qualquer crença ou religião. De fato, não deveria ser difícil ao idoso conceber a realidade do mundo espiritual, considerando que seus laços com o corpo físico estão bem mais brandos/tênues que antes.
Este momento biográfico pode ser comparado àquele da pequena criança que se encontra ainda pouco ligada à sua corporalidade. É por isso que ela compreende tão bem os verdadeiros contos de fadas, que falam de um mundo transcendente cheio de seres espirituais de toda espécie.
Aquele idoso que alcançou a maturidade de forma plena pode se tornar o melhor narrador de contos, porque ele se encontra novamente às portas do reino transcendente do qual a criança emerge. Assim também eram antigamente os avós, que sabiam contar estas histórias da maneira mais bela.
Determinadas questões de nossa vida muitas vezes independem de um tempo, conforme explora Norbert Glas em seu livro “Amadurecer Luminoso”. Se há um tempo cronológico que determina o nascer e o fenecer dos processos orgânicos e de nossos órgãos dos sentidos, há também um tempo interno que relativiza este determinismo do avançar da idade.
Esse tempo interno é que nos impele de dentro para fora e vence os desafios: mesmo com limitações físicas, podemos “em espírito” alçar um voo em nossa maturidade – um renovado ânimo para a relação com o outro e com o mundo. Trabalhar na própria biografia nesta etapa da vida, adquirindo uma visão retrospectiva e panorâmica da jornada percorrida, nos trará aceitação e gratidão por todos os eventos e pessoas que ajudaram a tecer nossa trajetória
E, se a pessoa idosa se convence, do fundo do coração, de que sua alma não morrerá após a morte, o grande bicho-papão começa a se esvanecer. Uma atitude completamente nova pode se manifestar. Chegará o tempo em que se deverá preparar verdadeiramente para algo que muitos idosos creem ter deixado para trás: o porvir, e mudar a perspectiva de uma vez por todas pois “existe vida além da vida”. Assim, o final da vida terrena deve ser utilizado convenientemente numa preparação não somente para a morte como, também, para as condições do devir.
Bibliografia:
Zilda Barbosa de Andrade & Odille Vianna
Aconselhadoras Biográficas
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