Como Acender a Fogueira Interior?
Como acender a fogueira interior?
Aconselhamento Biográfico e os ensinamentos de São João
Por Luis Henrique Sant’Anna
Chegaram os dias frios e as noites mais longas do ano. A data em que celebramos São João coincide com esta época e remete ao calor das fogueiras. O fogo é algo misterioso, quase imaterial… gerador de luz e calor. Podemos ver como as crianças ficam fascinadas por ele. Também os jovens diante das fogueiras dos acampamentos e mesmo os adultos quando se permitem contemplá-las por algum tempo.
Na fogueira, algo material (madeira) é consumido e seu sacrifício se transforma em luz e calor. Para mim isso soa como um chamado, um convite para acender a própria fogueira: sacrificar tempo, dinheiro, esforço para adquirir conhecimento. Conhecimento que se transforma em luz e calor.
Isso vai de encontro ao apelo de João Batista. Ele diz que aquilo que recebemos do passado não é garantia de nada: “não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” (Mateus 3:9). Assim, as facilidades com que a vida nos presenteou não podem ser uma desculpa para manter-nos na zona de conforto. O que vale é aquilo que, a partir disso, fazemos de nós mesmos. Batista diz também que devemos gerar bons frutos para o mundo: “toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.” (Mateus 3:10).
Mas como acender essa fogueira? Por onde começar? Um caminho bem consciente é através do estudo da própria vida. No aconselhamento biográfico temos a oportunidade de fazer uma pausa e visitar o passado com um novo olhar: sem críticas, raiva ou remorso. Sem focar apenas em episódios dolorosos ou traumáticos. Enfim, observar a vida como um todo, de maneira objetiva, colocando os acontecimentos em uma perspectiva coerente, fundamentados no conhecimento das leis biográficas.
Essa é a primeira parte do processo, onde começamos a entender um pouco melhor a própria biografia. A partir de então podemos nos perguntar: que acontecimentos se repetem (ainda que com personagens e cenários diferentes) em nossa biografia? Qual é a verdadeira causa por detrás dos fatos? Como fazer diferente?
Podemos perceber que algumas coisas aprendemos da maneira errada ou simplesmente não aprendemos. Quando isso acontece a postura de vida muda: saímos do papel de fracassados e entramos no papel de aprendizes. Ambos estão no mesmo lugar, mas com uma disposição completamente diferente.
Um exemplo? Como podemos ter um bom relacionamento se não aprendemos como é um bom relacionamento? Se o relacionamento dos pais e das pessoas que nos rodeavam não era bom? Não nos cabe julgar nem reclamar, mas aprender. Ao invés de ficar lamentando podemos perguntar: O que é um bom relacionamento? Quais pessoas se relacionam bem? Como conseguem fazê-lo? O que já fizemos e deu certo? Assim deixamos o papel de fracassado para aprender como construir um futuro diferente. Deixamos de repetir padrões e começamos a criar a partir de nós mesmos os tipos de atitudes que consideramos adequadas para cada situação. Isso é acender uma fogueira, é autoconhecimento que transforma, aquece e ilumina.
Nos deparamos novamente com a exortação de João Batista, voltamos a fogueira. Traz luz para nossa consciência, permitindo ver o que antes não enxergávamos. Traz o calor do entusiasmo que preenche nossos corações e mobiliza nossa vontade para atuar no mundo. Essa é a sabedoria viva que fica ainda melhor quando passa a iluminar e aquecer todos aqueles que estão ao nosso redor. Viva São João!
Luis Henrique Sant’Anna 
